Anacrônicas

Correio (des)elegante

Bilhetes trocados nos recentes festejos juninos do “Grande Arraial da Politicalha Brasileira” escancaram as intimidades de intrincadas relações entre protagonistas e coadjuvantes de uma verdadeira festa de arromba! O Blog Cronicando obteve acesso exclusivo ao material, revelado agora, em primeira mão e estado bruto, sem quaisquer cortes ou edições, a seus leitores.

A primeira correspondência carrega as mágoas e ingenuidade de um coração partido:

“Menina Dilma,

Há anos espero por uma chance de falar-lhe pessoalmente. Imaginei que o momento houvesse chegado. Mas quis o destino que, mais uma vez, nos desencontrássemos. Ainda assim, não hei de desistir. Saiba que, se a renda cidadã é mínima, a paciência minha é máxima.

Do sempre seu Eduardo”

A segunda, com um toque drummondiano, mostra que a menina dos olhos e coração do triste Eduardo tem, em verdade, suspirado por um outro alguém:

“M.,

Soube que você anda comungando com o milho. Compreendo e perdoo. Afinal, considero que você seja uma das maiores conquistas do Brasil. Receba com esta cartinha, como prova de meu afeto e da evolução humana, uma bola de folhas de bananeira.

Saudações,

Da sua D., primeira e única Mulher Sapiens”

Nem mesmo a Mãe Natureza ficou de fora dessa história e, por intermédio de dileto representante, saiu por aí disparando missivas para seus filhos pródigos:

“Geraldo, Luiz Inácio, companheiros de um e de outro,

Eu estava quieto no meu canto – mais especificamente, no meu fundo. Existia tão só como uma garantia de que, em caso de calamidade, haveria quem ser acionado para apagar o fogo – ou melhor, aplacar a sede. De uma hora para a outra, virei o centro das atenções: todos passaram a discutir o quanto eu media, do que era composto, se prestaria ou seria tão só um expediente baixo para maquiar a dura e seca realidade. E agora, quando começava a restaurar minha tranquilidade, voltando para o anonimato de onde jamais pretendia ter saído, retorno às manchetes – e pior, como sinônimo de coisa ruim. Justo quando estou trabalhando a todo vapor para sua espécie, seres ingratos. Não, não somos da mesma laia. Vocês não me representam.

Volume Morto”

E o mais inusitado de todos os cartões, por comprovar o que há muito tempo a ficção científica intuía: inteligência artificial existe, sim – e foi capaz de absorver os mais básicos instintos humanos…

“Marcelo O.,

Você mandou me destruírem. A polícia leu o comando literalmente, temeu por minha vida. Seus advogados disseram que não se passava de uma anotação, a ser interpretada em sentido figurado. A verdade é que, para mim, nada disso importa. Porque, no final das contas, sou eu quem vai destruir você.

E-mail Sondas”

 

E Viva São João!

Leave a comment